Introdução
A vida é um sopro e o tempo passa como um rolo compressor, parece que foi ontem mas anos atrás escrevi alguns artigos sobre o “não-tão-mais-atual” cenário do Front-end e o que estudar pra se manter atualizado:
- O que Front-end Developers precisam saber
- Como estudar, praticar e conseguir oportunidades como (Front-end) Developer
De repente pisquei e já estamos em 2025!
E o mais impressionante? Relendo esses artigos notei que praticamente tudo que falei lá continua válido, mas com algumas mudanças sutis que estão muito mais ligadas ao aprimoramento do que já estávamos fazendo do que a revoluções tecnológicas.
Saímos dum cenário (especialmente entre 2014 e 2020) onde a cada semana surgia uma nova lib pra um momento em que o foco tá muito mais em melhorar o que já temos e como fazer isso de forma mais eficiente.
Desenvolvimento Front-end é simples, precisa saber pouca coisa:
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) March 22, 2023
- HTML: Semântica, SEO, Acessibilidade, etc
- CSS: Especificidade, Propriedades, Seletores, Grids, Animations, etc
- JS: Manipulação de DOM, Fetch API, Hoisting, Prototype, ES6+/ESNext, Async/Await, Promises, etc
O que mudou nos últimos anos?
Nos últimos anos, vimos a consolidação dos principais frameworks como React (com o Next.js, claro!), Angular e Vue, cada um com seu público, mas todos alinhados no objetivo de tornar o desenvolvimento mais escalável e sustentável.
Se naquele momento ainda existiam discussões bastante acaloradas sobre qual era o melhor framework, hoje vemos que cada um tem seu espaço e suas vantagens, e a escolha entre eles é mais uma questão de preferência e contexto do que de “melhor” ou “pior” já que estão todos bastante maduros e muito similares em funcionalidades.
Naquela altura o React já era o framework mais popular mas ainda não existia uma consolidação de padrões. Nisso o Next.js que estava começando a ganhar tração em 2020, hoje é praticamente onipresente em projetos React, trazendo uma série de funcionalidades que facilitam a vida do desenvolvedor, como SSR, SSG, API Routes e Image Optimization.
O Vue também evoluiu bastante, com a versão 3 trazendo melhorias significativas de performance e escalabilidade, além de uma integração mais fácil com outras tecnologias, como o Vite, que se tornou uma alternativa ao Webpack. Assim como o Angular que continuou evoluindo, ajudando a impulsionar tecnologias como Web Components e TypeScript.
Com isso pudemos observar um crescimento exponencial do uso de TypeScript, que ainda era “polêmico” em 2020, mas hoje é praticamente um requisito em projetos mais complexos, trazendo mais segurança e escalabilidade ao código.
Front-end tá num momento foda 😛
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) January 27, 2022
As principais soluções passaram no filtro do tempo e é legal ver algumas features se tornando nativas no JS e até no CSS
Frameworks tão cada vez mais otimizados e focados em coisas como DX, Arquitetura e etc
Só ferramentas muito boas sobrevivem
Além disso, a “tríade sagrada” (HTML, CSS e JavaScript) continuou evoluindo com novas funcionalidades nativas sendo lançadas, reduzindo a dependência de bibliotecas pra tarefas simples.
O melhor de tudo é que muitas dessas novas funcionalidades foram adicionadas se inspirando em bibliotecas populares, como o próprio React e TypeScript, mostrando que a comunidade tem um papel cada vez mais ativo na evolução da web.
Acho muito foda que na evolução do JavaScript várias das novidades nas novas especificações do ECMAScript sejam baseadas em libs, ideias e conceitos do próprio ecossistema de JS
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) July 21, 2021
CoffeeScript por ex teve papel determinante no ES2015 assim como TypeScript e etc tem tido atualmente
O Front-end tá cada vez mais alinhado às boas práticas de arquitetura de software, testes e programação, coisas já consolidadas no Back-end. E isso é ótimo, pois mostra que o Front-end não é mais uma área “secundária” e se consolida como uma área estratégica e fundamental pro sucesso de qualquer projeto.
Também vimos uma necessidade cada vez maior de integração e conhecimentos em DevOps, com a popularização de ferramentas como Docker, Kubernetes e CI/CD, além da popularização de plataformas como Netlify e Vercel, que facilitaram a vida do desenvolvedor e permitem uma entrega mais rápida e eficiente.
Você que trampa com Front-end/Back-end também curte desenrolar umas tarefas mais DevOps como configuração de containers, CI/CD, otimização de pipelines e etc?
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) May 3, 2022
O que vem por aí?
Penso que o futuro não promete grandes revoluções, mas sim mudanças que vão tornar o Front-end ainda mais integrado ao negócio e eficiente.
Automatização e Inteligência Artificial
Ferramentas de low-code e no-code devem ganhar aderência, com IA cada vez mais poderosas gerando códigos de componentes (e até aplicações inteiras!) de forma automática.
Escrever código é só uma etapa, a maior parte do trampo dev é intelectual
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) January 6, 2023
Analisar contextos, cenários, regras de negócio, deixar escalável em várias camadas com processos e algoritmos
Quem ainda não entendeu isso e acha que é só codar, de fato precisa se preocupar com Chat GPT
O lance é que o trabalho de devs não vai ser substituídos por Inteligência Artificial, mas devs que não se adaptarem a essas ferramentas fatalmente vão ser substituídos por pessoas que fazem bom uso delas.
Lembrando que a maior parte do trabalho não é exatamente escrever código, mas sim analisar, planejar, tomar decisões, e claro, resolver bugs!
Mudanças na Atuação
O futuro do Front-end deve estar mais do que nunca na integração com outras áreas (não só com outros devs!) e fazer interface entre negócio, tecnologia e usuário, traduzindo necessidades do cliente em código mas sem necessariamente precisar escrever (tanto) código pra isso.
Quando você não tá codando, mas tá
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) October 20, 2023
- Revisando códigos
- Melhorando processos
- Ajudando alguém do time
Ou mesmo organizando ideias e pensando na melhor forma de resolver problemas, você tá atuando em coisas essenciais
Programação não se limita na quantidade de código escrito
O escopo de atuação do Front-end deve se expandir, com devs atuando cada vez mais como “pontes” entre diferentes áreas, como design, produto, marketing e vendas, e não só como “quem escreve o código”.
Não muito diferente do que já acontece atualmente mas com uma necessidade maior de entender como suas decisões impactam o negócio e na relação de custo e retorno do que é desenvolvido. Portanto saber avaliar por exemplo se vale a pena, sei lá, criar um Design System ou simplesmente duplicar componentes, vai ser cada vez mais importante.
A vida é muito curta para criar códigos reutilizáveis super complexos que só vamos utilizar uma vez e que, portanto, não precisariam ser reutilizáveis e muito menos complexos.
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) December 10, 2020
- Clarice Lispector
Hard Skills
Conhecimentos mais generalistas como arquitetura de software e integração de tecnologias tendem a ser mais valorizados do que especializações em bibliotecas específicas, que podem ser substituídas com mais facilidade.
Embora não se prevejam grandes mudanças nas tecnologias que utilizamos hoje, é essencial manter uma base sólida em HTML, CSS e JavaScript, além de conhecimentos em React, Angular, Vue, TypeScript, testes e performance. Vale destacar que essas tecnologias estão convergindo cada vez mais – frameworks como React, Angular e Vue continuam incorporando funcionalidades uns dos outros, ficando progressivamente mais parecidos.
Com o tempo de desenvolvimento de aplicações e componentes diminuindo, o desafio passa a ser garantir que essas soluções sejam escaláveis e fáceis de manter. Nesse contexto, arquitetura de software, práticas de DevOps e boas práticas de programação se tornam diferenciais ainda mais relevantes.
Com isso, o domínio de metodologias ágeis e outras formas de organização de projetos e equipes também tendem a ser cada vez mais valorizados.
Soft Skills
Soft skills, especialmente relacionadas a comunicação vão ter um papel cada vez mais determinante no sucesso de frontenders.
Programação tem muita ligação com o campo da filosofia
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) April 15, 2024
Quando escrevemos algoritmos estamos fazendo um exercício filosófico de refletir sobre um problema pra chegar numa solução traduzida códigos, é uma abstração lógica do seu próprio raciocínio
Matemática é filosofia aplicada
Quando a gente fala de comunicação, não é só saber falar bem, mas sim saber ouvir, entender e traduzir as necessidades do cliente e do usuário em código, e também saber explicar suas decisões e defender suas ideias.
Comunicação é uma abstração do seu próprio pensamento.
Quando você escreve um código, você está se comunicando com o computador usando linguagem de programação e traduzindo suas necessidades em um algoritmo. Quando você fala com uma pessoa você está traduzindo suas ideias em palavras usando linguagem natural. Com a popularização de ferramentas de AI, a comunicação que você vai usar com máquinas e pessoas vai ser cada vez mais parecida.
Quanto melhor você souber se comunicar, melhor você vai conseguir traduzir suas ideias em soluções que resolvam problemas reais.
Conclusão
As mudanças tendem a ser mais na forma com que fazemos as coisas que já fazemos agora do que nas tecnologias em si. Ou seja, é possível que a gente automatize cada vez a criação de componentes e aplicações mas usando ferramentas que por debaixo dos panos vão gerar código utilizando as mesmas tecnologias que já usamos.
Por isso ter ótima comunicação com capacidade de abstração suficiente pra tomar boas decisões de arquitetura são extremamente relevantes, assim como conhecimentos em DevOps, que vão ser cada vez mais necessários. Não é tanto mais sobre saber a sintaxe de uma linguagem no micro, mas sim sobre saber como integrar tecnologias e pessoas.
Todas essas mudanças já estão acontecendo de forma gradual e a tendência é que se consolidem nos próximos ano. E lembre-se que no mercado de tecnologia, se você não continuar estudando e se atualizando, você não fica simplesmente estagnado… você piora!
O lance é que não existe estagnação em carreira tech
— felipe.tsx ⚡ (@felipefialho_) February 17, 2022
Se não continuar estudando, se atualizando e se aperfeiçoando em diversos aspectos, você não fica simplesmente estagnado(a)
Você piora
Bora que bora e Feliz 2025! 🚀